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Dos ensaios à televisão: memórias e lembranças da Nota Promissória

  • Foto do escritor: Eric Robert
    Eric Robert
  • 6 de mai.
  • 4 min de leitura

Em entrevista, Daniela Paschoalino compartilhou experiências do seu tempo como guitarrista da banda


Em meados de 2006, a rotina de uma escola de música em São Carlos acabou aproximando três meninas que logo transformariam essa convivência em uma grande parceria. Daniela Paschoalino fazia aula de guitarra e nas aulas de prática em conjunto, acabou conhecendo Gabriela Ruzzi e Mariana Ruzzi, alunas de teclado e bateria, que tiveram a ideia de formar uma banda. As três tinham idades entre 10 e 12 anos, e nesse ambiente, onde desenvolveram suas habilidades na música, surgiu a banda Nota Promissória.


O nome do grupo veio de uma sugestão do pai de Gabriela, e logo pegou. Com o tempo, a formação da banda se consolidou com cinco integrantes: além das três fundadoras, Nathália Dias e Gabriela Rosalini, também passaram a integrar o grupo. No início, o repertório era formado por clássicos do rock nacional e músicas da MPB. Posteriormente, a banda incorporou o rock clássico dos anos 70 e 80. No mesmo período, a Nota Promissória passou a tocar músicas autorais, que foram compostas por Paulo Estevão. “As nossas músicas foram escritas pelo cunhado da Mari (Paulo Estevão) e a gente gravava as que mais combinavam com a identidade da banda”, contou Daniela.


As meninas se apresentavam em diversos espaços: festas, eventos da cidade, clubes, praças e até na televisão, com três aparições no Programa Raul Gil. Júlia, fã da banda desde cedo, estava sempre presente nas plateias dos shows da banda:

“Conheci a banda Nota Promissória, porque uma das integrantes era minha prima. As meninas que tocavam eram um pouco mais velhas que eu e eu gostava bastante de acompanhar os shows. Ia para os shows com minha família e às vezes levava alguma amiga. Eu fui para várias apresentações delas aqui na minha cidade”, conta.



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Nota Promissória no Programa Raul Gil | Foto: Paulo Ribeiro


Um dos momentos mais marcantes para Júlia foi o mesmo que marcou Daniela: o lançamento do CD da banda, realizado no Teatro La Salle, em São Carlos. “Para mim, o show mais legal da banda Nota Promissória foi o show de lançamento do CD. Lembro que eu estava muito animada e me diverti bastante”, comentou Júlia. Daniela também guarda esse dia com carinho, mas outro evento a marcou ainda mais: o Sampa Rocks Fest, em São Paulo. “Foi provavelmente o nosso maior público”, diz ela. Na ocasião, a banda se apresentou antes de dois grupos de muito sucesso: Restart e Forfun, ícones do cenário jovem da época.


Por trás do dia a dia da banda, havia uma importante participação dos adultos. As decisões importantes, como por exemplo onde as meninas iriam se apresentar, ficavam a cargo dos pais. Já a escolha do repertório era mais livre. “Eles decidiam onde a banda ia tocar. A gente ficava bem livre para escolher as músicas, mas sempre ouvia sugestões também”, explica Daniela.


Após alguns anos vivendo a intensa rotina do grupo, em 2009, Daniela teve que tomar uma decisão difícil: deixar a banda.“Eu já sabia que isso estava tomando bastante do meu tempo. Estava prestes a virar uma profissão de verdade e eu tinha em mente fazer faculdade, eu sabia que eu ia ter que estudar bastante, então eu acabei saindo.” Ela ainda comentou que teve dificuldade em anunciar a decisão: “Na época que eu saí foi difícil falar sobre isso com elas, mas para mim já estava muito claro que não era o caminho que eu gostaria de seguir. Eu não queria fazer daquilo a minha profissão. Eu tive muito apoio da minha família e a relação continuou muito boa, inclusive meu pai continuou fazendo algumas atividades com a banda. Foi uma decisão difícil, mas foi pro bem.”


A decisão, embora difícil, não afastou Daniela da música por completo, pelo menos como ouvinte. “Depois disso, devo ter pego uma guitarra ou violão na mão no máximo umas dez vezes. Ainda tenho todas as minhas guitarras guardadas. Gosto muito de ter música no meu dia a dia. Sempre que eu entro no carro eu escuto música, adoro ir a shows, mas eu nunca mais pratiquei.” Ainda assim, os reflexos dessa vivência seguem presentes. A experiência na banda influenciou positivamente na vida pessoal e profissional de Daniela. Ela conta que atualmente sabe que é capaz de falar bem em público e se expor para bastante gente sem tanto medo e ansiedade. Daniela ainda comentou que no começo esses momentos eram difíceis para ela, mas que depois foram se tornando normais. 



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Lançamento do CD no Teatro La Salle | Foto: Paulo Ribeiro


Entre as lembranças engraçadas, Daniela destaca uma história com a música “Detroit Rock City”, da banda Kiss, que se tornou um grande símbolo para elas: “A música favorita do grupo, por unanimidade, era essa. Era muito legal de tocar no palco, a energia era muito boa. Sempre que a gente estava indo ou voltando de algum show, na van, nós interpretávamos essa música cada menina fazendo o som do instrumento que toca.”


Quando questionada sobre um possível retorno da banda, Daniela foi clara: “Se a banda voltasse hoje, eu ficaria muito feliz de estar na plateia, mas não participaria. Me identifico muito com a minha profissão atual, mas eu realmente acho que essa vida não é pra mim”. Após o ensino médio e um período no cursinho, Daniela ingressou em Medicina pela Universidade Federal de São Carlos e atualmente exerce a profissão de médica. Sobre fazer da banda o seu trabalho, ela completa: “Eu sabia que isso não seria a minha profissão porque eu não gostava de praticar. Eu adorava tocar e estar em cima do palco, mas eu não gostava muito de ensaiar e às vezes eu cometia alguns erros”.


Hoje, a Nota Promissória permanece como uma lembrança marcante para quem participou daquela fase. Daniela seguiu outros caminhos, mas reconhece a importância da experiência na banda para a sua vida. Júlia, que acompanhou os shows como fã, também destaca o quanto aqueles momentos foram especiais. A trajetória da banda, reuniu diferentes gerações em torno da música e deixou registrada uma etapa singular vivida por um grupo de meninas em São Carlos.



 
 
 

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Sou Eric Robert, estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia, admirador e consumidor da música brasileira.

Sou o Quem Tem Boca Vai a Roa, projeto do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia, site que divulga o inquietante cenário da musica brasileira. Meu nome veio da criatividade de Geovanna Calaça, ex-editora do Blog. Hoje sigo pelas mentes e mãos de Eric e Lucas.

Sou Lucas Mendes jornalista, estudante da UFU apaixonado por música, fã do pop brasileiro desde antes de nascer e grande entusiasta da loucura dos anos 90.

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